imagesCAFLSCQMO Pequeno Pajé é uma organização paralela com as atividades dos Templos do Amanhecer, e destina-se a ambientar as crianças com a atividade mediúnica... sem praticar o mediunismo. O Pequeno Pajé se incumbe de satisfazer as necessidades psicológicas - as crianças brincam, cantam, recebem passes e são tratadas pelos Mentores Espirituais - - isto sem falar em mediunidade, espiritismo ou religião. Ponto de partida natural que favoreça o caminhar de encontro a si mesmo, sem superstições e sem falsos preconceitos... O texto acima foi extraído do Livro "O Pequeno Pajé" - 1ª edição (1991).!”

Parábolas são pequenas histórias que Jesus contava, tendo como personagens as coisas e as pessoas da época: pescadores, trigo, mar, uvas, pastores, festas da época. Jesus contava histórias porque, além de facilitar o entendimento dos seus ensinamentos, são fáceis de lembrar e de contar aos outros.

sábado, 26 de novembro de 2011

Em Busca da Aldeia Encantada - parte 2



EM BUSCA DA ALDEIA ENCANTADA

(Recomendável ler, antes, a parte 1)
Eu fui um grande pirata, muito temido, e aqui cheguei há muitos anos. Somados esses anos, com os que eu tinha, eu hoje já tenho duzentos anos de idade. Aqui cheguei no auge de minhas forças e, com meus homens eu causei uma grande destruição. Aqui vivia um povo humilde e amoroso. As ruas tinham lindas árvores e caramanchões de flores. Todas as casas tinham jardins que eram cultivados com carinho pelos Aldeões. Do alto daquele morro descia uma torrente de água, formando uma linda cascata. Nas noites de luar, os habitantes vinham assistir à Dança dos Encantados que se realizava na praça central. Essa dança era um contato com a Força da Lua e, através dessa energia, os Encantados vinham saudar o povo da ALDEIA.


Às vezes – continuou o Velho Sábio – eu ficava muito triste pensando nas coisas mal feitas que fizera antes de conhecer esta Aldeia...
– Como? Interrompeu o jovem cientista.
– Então o senhor já fez muitas maldades?
– Sim! – Respondeu o antigo pirata – Já fiz muita destruição, principalmente aqui, quando cheguei com intenções de esconder o meu tesouro.
– Tesouro? Então o senhor tinha um tesouro, era um homem rico?
Sim e não, foi a enigmática resposta. Como o meu jovem deve saber, piratas matavam para roubar e acumulavam o fruto de seus roubos em peças de ouro, jóias e pequenos objetos. Armazenavam tudo em pequenas arcas e procuravam um lugar ermo onde as enterravam. Assim, eu vim parar nessa ALDEIA ENCANTADA. Ancorei o meu navio na enseada e o povo veio me receber todo feliz. Eu, porém, reagi com truculência e meus homens, encharcados de rum, atacaram a todos com ferocidade. O povo, então, aterrorizado, fugiu para as montanhas e procurou proteção no Velho Pajé...
Velho Pajé? Quem era ele?
Logo vocês ficarão sabendo. Respondeu pensativo o antigo pirata. Quando eu soube que o povo estava se refugiando junto ao Velho Pajé, eu estava com meus homens aproveitando a ausência dos habitantes e saqueando a ALDEIA. Destruí muita coisa e, com isso, as flores murcharam, os jardins ficaram espezinhados e a cascata parou de correr.
– Então, o que o senhor fez?
– Fui atrás do Velho Pajé.
– Mas o que foi que o motivou a se arriscar? Afinal, o senhor tinha a ALDEIA nas mãos e não sabia o que iria encontrar lá em cima.
– Ninguém me motivou coisa alguma. Fui por conta própria. Meus homens eram supersticiosos e não se sentiam encorajados a subir. Fui e tive a maior das minhas surpresas.
– Naturalmente o senhor conseguiu vence-lo, não foi?
– Não, meu jovem! Ao contrário do que pensava, o meu encontro com o Pajé foi a maior experiência da minha vida. De fato eu cheguei junto a ele com toda a minha ferocidade de pirata.
Porém, ao defrontar-me com o seu olhar profundo, expressão que nunca tinha visto em toda a minha vida, nos sete mares da Terra, eu me derreti como se fosse gelatina.
De longe gritei para meus homens que trouxessem a arca do tesouro e a coloquei aos pés dele dizendo:
Tome, esse tesouro é seu.
Ele, porém, continuou a me olhar como se nada tivesse ouvido. Senti que estava passando por uma espécie de hipnose que me transformava por dentro. De repente, olhei para o tesouro que havia sido depositado nos pés do Pajé e percebi que ele perdera todo valor para mim. Minha ganância habitual desapareceu como desapareceram muitas coisas da minha mente, muita coisa ruim. Era como se tirassem dela todo o mal que existia.
– Você disse da sua mente. E do seu coração? Não desapareceu o mal?
– Não! Respondeu o Velho Pirata. Não existe mal no coração. A sua estrutura, a formação do coração, do sentimento, vem de Deus e é puro. É a nossa mente que nos desperta para o mal ou para o bem. Todos trazemos no coração o bem que é a Essência Divina. Somos semelhantes a Deus, somos bons. A mente é que polui, deturpa.
Foi horrível – Continuou ele – Meus homens haviam aberto a arca e as jóias que compunham meu tesouro brilhavam e faiscavam a luz do sol. Entretanto, ninguém parecia ligar a menor importância, nem os Aldeões, nem meus homens, e nem mesmo eu. Permanecíamos como que absorvidos na força do olhar do Pajé. Então, eu comecei a me sentir mesquinho, pequeno e ridículo. Eu havia apanhado um punhado de pedras preciosas com a idéia de atrair o olhar do Pajé. Porém, na medida em que o silêncio se prolongava, as pedras iam caindo por entre os meus dedos, e eu me sentia abobalhado, sem saber bem o que estava acontecendo. Ninguém proferia uma palavra e somente a personalidade do Pajé dominava o cenário.
Por fim, o próprio Pajé quebrou o encanto.
– Salve Deus, meu filho – Disse ele.
Entre e sente-se. E eu obedeci automaticamente, sentando-me num banquinho no interior da cabana. Entrei numa espécie de transe e, quando dei por mim, eu senti que estava me transportando. Vi, então, que o Pajé abria uma porta que dava para uma espécie de planície que ia até o horizonte.
– Olhe. – Disse ele – Olhe para o seu passado!
Vi, então, inúmeras cenas de meus assaltos, de meus roubos, e vi também as pessoas que havia despojado de seus bens. Muitos ainda se lamentavam pela falta das coisas preciosas que eu havia roubado. Senti, então, uma enorme tristeza ao ver a prova viva dos meus crimes.
Quando voltei a mim, o Pajé continuava de pé me olhando. Perguntei: – E agora, meu bom Pajé? Que devo fazer de minha vida?
– A primeira coisa é esperar que toda essa gente que você prejudicou pare de vibrar em você.
– Mas, porque tenho que esperar?
– Porque você só irá recuperar a paz de seu coração quando essas pessoas se desligarem, quando se recuperarem dos males que lhes fez.
– Meu Deus! Exclamei. E eu, que destruí também grande parte da ALDEIA!
– É verdade – Continuou o Pajé – Se você quer, realmente, a sua verdadeira paz, terá que permanecer aqui como um prisioneiro, até que tudo se equilibre. Ficando aqui e procedendo direitinho, sua sorte mudará e, então, tudo ficará bem outra vez. Se você tiver sorte, virão cientistas de outro Plano e repararão alguns males que você fez. Veja, por exemplo, aquela cascata que já não corre mais. Só os cientistas do além saberão recuperar o seu mecanismo.
Diante daquela perspectiva, minha alma se rebelou e eu disse:
– E, se porventura, eu me recusar a permanecer aqui como prisioneiro?
– Ora, disse o Pajé, você é livre e pode ficar ou ir. Use o seu livre arbítrio.
Eu, então, respondi que queria apenas a minha paz.
(segue parte 3)

Fonte: Tumarã

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